segunda-feira, junho 30, 2008

Animais: descaso por todos os lados

*Pauta idealizada pelo 'Nota Cidadã'


Paralelo à inauguração da primeira Delegacia de Meio Ambiente e de Infrações de Menor Potencial Ofensivo (Dimpo) do estado, na sexta-feira (27), é uma ironia relatar que na manhã do sábado (28) um cavalo amanheceu morto no cruzamento das ruas Ulisses Montarroyos e Antônio Carlos Zarzam, no bairro de Candeias, Jaboatão dos Guararapes. Ameaçando inalar mau cheiro e atrapalhando o trânsito, o animal ficou no local por horas até ser removido no final do sábado.

Ao serem procurados, os possíveis órgãos competentes a efetuar o serviço de remoção do animal ou informar a população quanto aos procedimentos corretos, não deram informações satisfatórias. Um órgão foi passando a responsabilidade para outro e assim por diante, sem terem certeza de qual é o verdadeiro responsável pelo serviço. Imagine a população!

Moradora da rua próxima ao local onde o cavalo amanheceu morto, a professora Valéria Tabosa não esconde a insatisfação com a falta de informação. “Entrei em contato com o Corpo de Bombeiros e me mandaram ligar para a prefeitura e saber o órgão que faz a remoção de animais em vias públicas, porque não é responsabilidade deles. Nem o telefone de contato eles sabiam informar.”

O órgão da prefeitura responsável seria o Centro de Controle de Zoonoses, mas ao entrarmos em contato fomos informadas que o centro trata de animais vivos, para cuidar da saúde deles. Já os animais mortos são responsabilidade da Empresa de Desenvolvimento de Jaboatão (Endeja). Confirmando ainda mais o descaso com o fato, durante todo o sábado a equipe de reportagem não conseguiu entrar em contato para cobrar a remoção do animal, tampouco para entrevistar o responsável pela Empresa.

De outro lado, o contato com a Dimpo também não rendeu bons resultados: a delegacia não tem expediente aos sábados. Ao tentar esclarecer a situação na manhã dessa segunda-feira (30), a equipe do ‘Nota Cidadã’ foi informada de que a finalidade da Dimpo “é checar se alguém está maltratando o animal e então se abrir um procedimento contra o agressor“. De qualquer forma, nos passaram contatos de ONGs que atuam nesse sentido: a ‘Associação de defesa do animal e do meio ambiente’ e a ‘Sociedade ecológica e de proteção aos animais’. Mais uma vez não conseguimos ser atendidas.

Não dá para aceitar o descaso dos órgãos e a falta de informação com que a população é obrigada a conviver. Como pode ser tão difícil entrar em contato com um serviço que é de nosso direito? A falta de responsabilidade social fica evidente e quem sofre com isso é a população, que acaba procurando meios para arcar com as obrigações dos órgãos públicos. Os jornais publicam quase diariamente matérias sobre maus-tratos aos animais, mas como pudemos observar o problema não pára por aí, vai muito além da irresponsabilidade dos donos dos animais, é um problema social.

* Endeja - Empresa de Desenvolvimento de Jaboatão – 3343 5549

* Associação de Defesa do Animal e Meio Ambiente – 3061 0071

* Sociedade Ecológica e de Proteção aos Animais - 3253 1986

sexta-feira, junho 27, 2008

A greve é legítima?

*Pauta idealizada pelo 'Nota Cidadã'

À 0h da última sexta-feira (20), os usuários de transporte público, da região metropolitana do Recife, não puderam contar com o serviço prestado pelas empresas de ônibus devido a paralisação dos motoristas, cobradores, fiscais das linhas e mecânicos dos coletivos que reivindicavam por melhores salários, ou seja, um reajuste de 12,8% para a categoria. Mas, inicialmente, o pedido não foi aceito pelos empresários que só aceitavam um aumento de 4% do piso salarial. Conseqüentemente, uma nova greve foi decretada na noite desta quarta-feira (25) e se prolongou até a manhã de hoje (27), no qual a categoria conseguiu um reajuste de 7,14%. A greve foi apoiada pelos 14 mil funcionários.

Diante disso, os passageiros só tiveram três opções, ficar em casa, pegar um táxi ou um transporte alternativo (combes e vans). A estudante Daniela Albuquerque foi uma das muitas pessoas que não conseguiram chegar ao trabalho. "Fiquei mais de uma hora esperando o ônibus Massangana quando corri para pegá-lo escorreguei e cai. Não podia ter sido pior, pois machuquei o braço e arranhei as pernas", comentou. Já o aposentado Fernando Silva, de 77 anos, preferiu pegar uma van. "Foi a minha única alternativa. Por causa da greve eles estão cobrando de R$ 3 à R$ 6. Isso é um absurdo", afirmou.

Ao andar nas ruas da cidade era comum escutar os transeuntes indignados com a greve, não é por menos, pois cerca de 1,7 milhões de trabalhadores e estudantes foram diretamente prejudicados pela paralisação. Muitos falavam mal dos cobradores, motoristas e fiscais, mas poucos sabem que estes trabalhadores ganhavam, respectivamente, R$ 490,00, R$ 1.064,00, R$ 689,00. E o mais agravante, além de terem de sustentar a família com esse dinheiro, eles ainda são obrigados a arcarem com as despesas do veículo que estão trabalhando.

Severino Ramos da França (41) é cobrador a cerca de 10 anos e nesse período já sofreu 20 assaltos, e todos a mão armada. “Não temos segurança alguma. Se o ônibus sofre um assalto, nos cobradores é quem arcamos com a dívida. Somos obrigados a pagar o valor integral, porque se recusarmos, não poderemos trabalhar. O maior prejuízo que já tive foi quando tive de pagar R$ 380,00”, afirmou. Os motoristas também não fogem à essa regra. Sempre ao final das viagens, os ônibus são inspecionados, caso seja detectado alguma falha mecânica ou se o carro for arranhado e até se o pneu furar, só para se ter uma idéia, este último item custa R$ 600,00, quem pagará a conta será o motorista.

Agora com o reajuste os cobradores passarão a receber um salário de R$ 526,00, os motoristas R$ 1.140,00 e os fiscais R$ 738,00. O aumento comemorado por eles, entretanto, não vai minimizar a insegurança no trabalho, nem vai sensibilizar os patrões para que estes deixem de cobrar o ressarcimento em casos de roubo ou pneus furados, por causa das ruas esburacadas da cidade. A próxima luta, agora cabe aos passageiros por um transporte público mais seguro e confortável. Quanto ao boato sobre o aumento das tarifas, os usuários podem ficar tranqüilos, pois o presidente da EMTU, Dílson Peixoto, em entrevista a uma rede de TV local, garantiu manter o valor das mesmas. Nesse caso só nos resta esperar.

quarta-feira, junho 25, 2008

Violência: uma questão de proteção?

Nota publicada no Diário de Pernambuco
Domingo, 15 de junho de 2008

Blindados – O custo de blindagem de um automóvel é praticamente o mesmo do carro zero. O que não inibe o cidadão preocupado com a falta de segurança. Nos últimos anos, o número de oficinas de blindagem de veículos pulou no Recife de uma para dez, Em tem fila de espera. Cada oficina blinda em média cinco automóveis por semana.
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O último dia oito não foi tão fácil para a funcionária pública Guadalupe Patu. Mais uma vítima de violência do Estado, levou um tiro de raspão ao sair de sua casa de carro, na Zona Norte do Recife. “Não sei bem o que aconteceu. O carro estava em movimento e apenas vi o rapaz tirando algo debaixo da camisa e vi o revólver, acelerei e continuei o meu caminho, somente percebendo que tinha sido alvejada minutos depois”, contou. A bala perfurou o vidro do carro e atingiu o ombro de Guadalupe, que já foi vítima de mais três assaltos em Recife.

Histórias como essa, infelizmente, acontecem diariamente. Uns possuem a sorte da funcionária pública, já outros não. Segundo o site ‘Pe Body Count’ (www.pebodycount.com.br), até ontem (24), foram registrados 2.101 assassinatos em Pernambuco, 249 apenas este mês. Temendo a insegurança das ruas e o aumento da violência, muitos pernambucanos estão recorrendo a algumas técnicas e métodos para se protegerem. Uma delas é o investimento em carros blindados. Ruim para o bolso dos cidadãos e bom para as empresas que trabalham com blindagem de veículos.

No mercado de trabalho há mais de 20 anos, a empresa ‘Armor Blindados’ é uma das 10 existentes no Estado. Segundo a gerente da loja, Luciana de Paula, são blindados, em média, 20 veículos por mês. E a tendência é aumentar! Em relação ao ano passado, o mercado cresceu em 20% e a novidade é que, por conta da crescente violência, ter um carro blindado não é só para ricos. “Hoje a blindagem não é só para classe alta, existe uma procura crescente da classe média”, afirma a gerente.

Após também ter sido assaltado no trânsito, o engenheiro Jorge Carvalho optou pela blindagem para ter mais uma garantia de segurança. Já com o carro blindado ele sofreu uma tentativa de assalto e conta que não teve nenhum problema: “não abri vidros e fui embora, graças a Deus eles não atiraram”. Apesar de ter evitado o assalto, o engenheiro não acredita que a blindagem resolve o problema da violência. “Quando estamos dentro do carro realmente temos mais segurança, mas temos que ter cuidados como manter as portas sempre travadas, cuidado ao entrar e sair do carro”, afirma.

Assim como Jorge Carvalho, Guadalupe Patu não acredita que blindar o carro é a solução. “A blindagem dá uma falsa impressão de segurança, é como se fosse um colete a prova de balas. Dentro do carro poderá até sentir segurança. E antes de entrar no carro ou sair dele, o que poderá acontecer?”, comenta. Mesmo não sendo a solução, o número de carros blindados não pára de crescer no Estado. Segundo a Associação Brasileira de Blindados (Abrablin), o Brasil é o país que mais blinda carros no mundo e Pernambuco o maior consumidor desta proteção no Nordeste.

segunda-feira, junho 23, 2008

Para onde vai o IPTU?

* Pauta idealizada pelo 'Nota Cidadã'



Ruas sem pavimentação e sem calçadas para carros e pedestres. Este parece ser um problema comum no município de Jaboatão dos Guararapes. E realmente é. Localizada na Região Metropolitana do Recife, a cidade sofre de uma administração precária mesmo com uma arrecadação de R$ 19 milhões de reais em IPTU no ano passado. Um dos problemas do município é o fato das ruas estarem cadastradas pela prefeitura como pavimentadas, mas que na verdade não estão.

O aposentado Sérgio Gazzi, morador há trinta anos da Rua Major Médico Vicente da Fonseca de Matos, localizada no bairro de Candeias, afirma que esse problema já foi questionado pelos moradores na própria prefeitura, mas nunca conseguiu que a rua fosse restaurada. “Isso é algo comum aqui em Candeias. Quando olhamos a documentação a rua está cadastrada como pavimentada, mas na verdade não está.” Na prática há mais ruas em semelhante estado do que se imagina.

A Avenida 20 de Janeiro, próxima a Avenida Armindo Moura é vítima de algo no mínimo curioso, pois ela é pavimentada pela metade já que é cortada por Recife e Jaboatão dos Guararapes. A ‘briga’ entre as duas prefeituras é que a divisão feita neste trecho é desregular. Algumas casas estão com o endereço de Recife e outras, até mesmo vizinhas, pertencem a Jaboatão. Nessa de quem é “dono” da avenida ou não, os moradores ficam insatisfeitos, uma vez que os impostos são pagos para as duas prefeituras e a avenida continua sem pavimentação.

A dona de casa Marisa Fontes, moradora da Avenida 20 de Janeiro há dez anos, afirma que quando chove as poças d’água atrapalham a circulação de carros e pedestres. “Pagamos o IPTU e queríamos no mínimo uma estrutura para a nossa cidade. Fico revoltada com essa situação. Já fui à prefeitura diversas vezes, mas todas sem sucesso, pois só conseguimos falar com funcionários que não têm informações adequadas ou não sabem de nada.”

A equipe do ‘Nota Cidadã’ procurou a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes e o único acesso obtido foi com Manoel da Nóbrega, engenheiro de fiscalização de obras da Secretaria de Infra-Estrutura (SEINFRA). Para ele, essa á uma questão mais burocrática. “Isso é um assunto para o pessoal da Secretaria de Planejamento. A minha parte é no aspecto técnico. A questão das ruas estarem cadastradas assim como pavimentadas é um assunto político”, afirmou o engenheiro. A Secretaria de Planejamento foi procurada, mas não atendeu a equipe de reportagem.

quinta-feira, junho 19, 2008

Há coisas bem mais importantes

Nota publicada na Folha de Pernambuco
Edição de terça-feira, 10 de junho de 2008

Que reforma é essa? - Freqüentador diz que a reforma, na Biblioteca Estadual de Presidente Castello Branco, no 13 de Maio, constou apenas de rampas de acesso e corrimão. Os vidros estão trincados, cadeiras e janelas quebradas e banheiros imundos.

Fundada na administração do Conde da Boa Vista, a Biblioteca Estadual de Presidente Castello Branco mudou-se para o atual prédio, na rua João Lira, no bairro de Santo Amaro, em 1975 e, desde a mudança, por apresentar vários problemas físicos, como infiltrações, vive em constantes reformas. Na mais recente, o piso e as rampas de acesso aos cadeirantes foram restaurados e a fachada pintada.

Segundo Erilene Parísio, diretora responsável pelo atendimento ao público, várias equipes de manutenção já analisaram a estrutura do edifício, mas os problemas no telhado persistem e não são resolvidos. “Essa reforma ainda não terminou, sempre há coisas a fazer. Entre os nossos próximos projetos está a compra de equipamentos de informática, o aumento do acervo circulante e da quantidade de livros infantis”, comentou.

Outra preocupação da direção é com a qualidade no atendimento ao público que fica cada vez mais exigente. “Infelizmente não depende de nós, pois a equipe da Secretaria de Educação não dá conta da demanda de trabalho, porque além da biblioteca existe toda a rede de escolas estaduais para eles cuidarem. No momento estamos lutando para conseguir a climatização do prédio”, afirmou.

A estudante Maira Soares, freqüenta a biblioteca na época das provas do colégio e faz críticas à estrutura do local. “Passo horas estudando aqui dentro e fico com dores nas costas, as cadeiras são muito duras”. De acordo com a freqüentadora, a direção deveria investir em cadeiras e mesas de estudo mais adequadas e não apenas em pinturas e construção de rampas. Quanto a manutenção dos banheiros, citados na nota, a diretora afirmou que a limpeza é feita constantemente, entretanto os usuários não zelam pelo patrimônio e destroem o local que é de uso público.

Hoje existe um acervo de aproximadamente 100 mil livros distribuídos nos dois andares do prédio. No térreo encontra-se o acervo circulante, os livros infantis e de ensino fundamental. Já no andar superior estão os livros de ensino médio e uma sala reservada aos que estudam para concurso público, pois a administração do local adquire apostilas especializadas nesta área e as disponibilizam.

O prédio, atualmente, recebe cerca de 1500 visitantes por dia, tendo um aumento significativo, dessa quantidade, em épocas de prova. A Bilbioteca Pública Estadual Presidente Castello Branco, fica na rua João Lira, no bairro de Santo Amaro, próximo ao Parque 13 de maio.

*A equipe do Nota Cidadã não foi autorizada pela direção da biblioteca à tirar fotos do local.

segunda-feira, junho 16, 2008

'Plasticomania' ecologicamente incorreta

Nota publicada no Diario de Pernambuco
Edição de sexta-feira, 06 de junho de 2008

Divórcio - Na Semana Nacional do Meio Ambiente, o Bompreço lança campanha estimulando o divórcio entre consumidores e as bolsas plásticas com que eles embalam os produtos adquiridos nas lojas. Une negócios a uma proposta ecologicamente correta ao sugerir que em troca de 580 pontos no Bomclube optem por sacolas capazes de suportar até 30 quilos de peso e confeccionadas em algodão reciclado.

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Muito presentes em nosso dia-a-dia, as sacolas plásticas são protagonistas da degradação do meio ambiente. Por conta da grande produção, cerca de 210 mil por ano no Brasil, e por não haver uma política de reciclagem efetiva, o destino das sacolas é a poluição da natureza. O problema é que esses produtos têm como matéria-prima o plástico-filme e levam cerca de 200 anos para se decomporem, além de entupirem canos e bueiros das cidades, causando enchentes e alagamentos.

Em todos os estabelecimentos, supermercados, farmácias ou lojas, as sacolas plásticas são usadas praticamente sem controle. Cada brasileiro consome em média 880 sacolas por ano, o que representa 10% do lixo do país. Por isso, em época de ações ecologicamente corretas, o consumo sustentável está na moda! Algumas campanhas contra a ‘plasticomania’ já estão sendo feitas em todo o mundo.

Em 1991, foi aprovada uma lei na Alemanha que obriga os produtores e distribuidores de embalagens a aceitarem de volta e a reciclar os produtos após o uso. Com isso, o consumo das sacolas tornou-se muito mais caro. Na Irlanda, há 11 anos a população paga um imposto de nove centavos de libra irlandesa por cada saco plástico. Estes métodos incentivam os consumidores a irem às compras com sacolas retornáveis.

E nem é necessário muito trabalho. Apenas recusar as sacolas das lojas e juntar as compras em uma única, já resolve. É o que faz a dona de casa Airam Carvalho. “No Pólo Comercial de Caruaru é um absurdo. Você compra uma blusa que vem dentro de um saquinho transparente e esse saquinho dentro da sacola, não sei pra que tanto, uma só resolve e dá tudo dentro”, disse.

Não muito distante, os pernambucanos devem começar a se preocupar com o meio ambiente. Recentemente foi lançada pelo grupo ‘Bompreço’ uma campanha de incentivo à substituição da sacola plástica descartável, por uma retornável. “Queremos estimular uma mudança do hábito de compras, incentivando o consumo consciente”, diz o diretor do 'Bomclube', Denilson Claro. A sacola substituta é a chamada ‘ecobag’, que suporta até 30 kg e pode ser trocada por pontos do ‘Bomclube’.

No segundo semestre, as sacolas serão vendidas por R$ 2,00 nas lojas do ‘Bompreço’. A iniciativa já foi implantada com sucesso nas lojas do ‘Wall Mart’ em São Paulo e só nos três primeiros dias foram vendidas 35 mil sacolas.

domingo, junho 08, 2008

Catadores da dignidade

* Pauta idealizada pelo 'Nota Cidadã'
O aterro da Muribeca e de Camaragibe são sinônimos de sujeira, mal cheiro e lixo, mas esses dois lugares insalubres são a esperança de centenas de famílias que sobrevivem da coleta de resíduos como vidro, papel e plástico. Érica de Lima e Marissol Oliveira são ex-catadoras e há cerca de um ano fundaram a 'Associação Catadores da Dignidade' – CAD, após receberem capacitação da ONG Cempre, em parceria com a prefeitura do município de Camaragibe. Na ocasião foram capacitados 60 catadores do aterro local. Inicialmente, a associação era formada por famílias que trabalhavam no aterro de Camaragibe e estavam dispostas a abandonar a vida no lixão.

Atualmente, a associação enfrenta muitas dificuldades. A casa que serve de sede para a instituição foi alugada pela prefeitura, mas o aluguel não é pago há dois meses e o salário que recebem não é suficiente para cobrir as despesas com alimentação, pois ganham em média R$150,00 por mês. Consequentemente alguns catadores voltaram para o lixão, porque o desgaste físico é menor, já que não precisam andar para conseguir os materiais, além do retorno financeiro ser maior.

Marissol Oliveira, secretária da Associação, para chegar no trabalho às 6h precisa acordar todos os dias às 4h30 da manhã, pois não tem dinheiro para pagar a passagem e a única solução é ir andando de Igaraçu até Camaragibe. “É comum eu e outros catadores irmos trabalhar sem comer. Passamos o dia carregando carroça pesada e só comemos a noite. Não adianta comer no almoço porque ao chegarmos em casa continuamos com fome e o dinheiro mal dá para pagar as contas,” declarou.

Além da coleta que fazem nas ruas, os 'catadores da dignidade' também sobrevivem de doações que variam desde materiais próprios para a reciclagem doados por algumas empresas, até roupas e alimentos. Caso você queira colaborar, a associação fica em Camaragibe, na rua Damião Pedro da Cruz, nº 127, no bairro do Timbi, ou pelo telefone (081) 8827-8234 .

quinta-feira, junho 05, 2008

1° Feira da Economia Feminista e Solidária recebe mulheres de todo o Estado

* Pauta idealizada pelo 'Nota Cidadã'


Durante séculos foi atribuído à mulher um estatuto de menoridade, exclusão social e de dependência familiar. Nas últimas décadas, esse modelo vem se acabando em todo o mundo e as mulheres estão ocupando domínios econômico, social, familiar, cultural e político. No Brasil, especialmente em Pernambuco, também não é diferente. Em conseqüência de todo esse avanço, mulheres assentadas da reforma agrária, agricultoras familiares, quilombolas, indígenas e trabalhadoras urbanas estão se reunindo na 1° Feira da Economia Feminista e Solidária de Pernambuco.


O evento está sendo realizado entre os dias cinco e oito de junho, na Estação Central do Metrô do Recife, no bairro de São José. É um espaço de divulgação e comercialização dos produtos agroecológicos, da economia solidária, de agroindústrias familiares e de artesanatos produzidos pelas mulheres. “Um evento como este contribui com a vida das trabalhadoras, dá mais visibilidade as atividades econômicas e apóia a agricultura camponesa, os movimentos sociais e a reforma agrária no estado”, afirmou a colaboradora da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Bethânia Mello.


Segundo a coordenadora do Programa Organização Produtiva de Mulheres Rurais, Patrícia Mourão, a feira não traz só o benefício das vendas, mas também “a possibilidade de discutir sobre tudo que é de interesse da mulher, como por exemplo, organização social, crédito, assistência técnicas, associativismo, além disso, falarão de suas experiências e como superam as dificuldades no dia-a-dia”. Serão realizados debates sobre temáticas da economia feminista e solidária e das políticas públicas direcionadas à organização produtiva de mulheres rurais e urbanas.


A feira é uma boa oportunidade para fazer o intercâmbio, conhecer melhor e ajudar na comercialização dessas mulheres. “A gente trouxe para vender na feira e divulgar, para conseguirmos vender mais. Na nossa região ainda temos muita dificuldade para vender”, declarou a trabalhadora Maria das Graças de Castro. Em Tracunhaem, Zona da Mata, Maria mantém com quatro amigas a mini fábrica ‘Flor de Canaã’, onde são produzidos doces, picolés, biscoitos, broas, polpas de fruta, entre outros.


Além de Maria, cerca de 150 mulheres estão dividindo 63 estandes montados na Estação do Metrô. Artesanatos para casa, bolsas feitas com palha de milho, hortaliças, produtos agroecológicos, ervas medicinais, comidas e bebibas típicas pernambucanas são alguns dos produtos que estão sendo comercializados. A feira do Recife é a primeira realizada em todo o país. Rio Grande do Norte e Pará são os próximos estados beneficiados. O evento faz parte do Programa de Organização Produtiva das Mulheres Trabalhadoras Rurais, lançado pelo Governo Federal em março deste ano.

PROGRAMAÇÃO DA FEIRA
06 de junho:
8h - Seminário “Economia feminista e solidária”
10h - Oficinas de formação e troca de experiência
14h – Visitação, comercialização e atividades culturais
18h - Visitação, comercialização e atividades culturais
7 de junho:
8h - Seminário “Políticas públicas de apoio à organização produtiva das mulheres rurais e urbanas”
10h - Oficinas de formação e troca de experiência
14h – Visitação, comercialização e atividades culturais
18h - Visitação, comercialização e atividades culturais
8 de junho:
7h- Feira Agroecológica
14h – Visitação, comercialização e atividades culturais
18h – Programação Cultural e Encerramento

segunda-feira, junho 02, 2008

Os mais reciclados do Brasil

* Suíte da matéria anterior
- Latas de Alumínio
Taxa de Reciclagem: 94%
Para onde vai: produção de novas latas de alumínio e autopeças
Benefício: Em 2006, as 140 mil toneladas reaproveitadas significaram uma economia de 2mil gigawatts, o suficiente para abastecer de energia o estado do Ceará durante um ano.

- Papelão
Taxa de Reciclagem: 77%
Para onde vai: confecção de caixas de papelão
Benefício: A versão reciclada consome cinqüenta vezes menos água limpa e metade da energia gasta na produção de uma caixa nova.

- Garrafas PET
Taxa de Reciclagem: 50%
Para onde vai: metade serve à fabricação de fibras de poliéster e o restante vai para a produção de tubos, laminados e resinas para a indústria química. Benefício: previne o grave problema da lotação dos aterros sanitários.

- Papel
Taxa de Reciclagem: 50%
Para onde vai: novas folhas de papel, produção de papel-toalha, guardanapo e papel higiênico
Benefício: Cada tonelada de papel reciclado evita o corte de vinte árvores.

- Vidro
Taxa de Reciclagem: 46%
Para onde vai: produção de mais garrafas, composição de asfalto e fabricação de espuma
Benefício: Só em 2006, foram poupadas 400mil toneladas de minerais. (Fonte: Cempre)

O perigo do óleo de cozinha

- 1 litro de óleo de cozinha polui 1 milhão de litros de água.

- Para reciclar: Você pode colocar o óleo em garrafas PET e, no caso dos moradores do Recife, contatar a Emlurb pelo telefone 3232.1070. Outra opção é verificar instituições que possuem esse tipo de reciclagem.

- Para onde vai: O óleo usado pode ser usado nas fábricas de sabão e na produção do biodiesel.

O que fazer com:

- Baterias, Pilhas e Telefones Celulares: Normalmente as embalagens trazem telefones de serviço de atendimento que podem informar onde existem postos de coleta. Os fabricantes de celulares e as operadoras geralmente oferecem caixas coletoras de aparelhos usados e baterias nas lojas autorizadas e revendedoras.

- Lâmpadas: O ideal é que as fluorescentes, que podem ser recicladas, sejam separadas num lixo à parte, porque os catadores podem se ferir com os cacos de vidro. As lâmpadas incandescentes não podem ser recicladas e podem ser jogadas no lixo comum, já que não trazem efeito nocivo ao meio-ambiente.

- Eletrônicos: Computadores, hardware, cartuchos, câmeras digitais – Os consumidores devem consultar os mais para saber como descartar corretamente e verificar se a empresa mantém algum programa de reciclagem. Fonte: Agência O Globo e Cempre.

Dicas de reciclagem:

- O lixo reciclado deve ser separado do orgânico, já que, além de facilitar o trabalho dos catadores, materiais como papel podem ser inutilizados

- As embalagens dos alimentos e produtos de higiene e beleza devem ser lavadas.

O que não adianta:

- Não vale a pena separar o lixo seco por tipo de material, já que os catadores e cooperativas vão fazer uma triagem de qualquer forma.

- O processo de reciclagem não é facilitado quando latas e garrafas PET são amassadas; também não adianta desmontar embalagens longa-vida.

*Fontes do Diario de Pernambuco
, Cempre e Emlurb.