quarta-feira, junho 25, 2008

Violência: uma questão de proteção?

Nota publicada no Diário de Pernambuco
Domingo, 15 de junho de 2008

Blindados – O custo de blindagem de um automóvel é praticamente o mesmo do carro zero. O que não inibe o cidadão preocupado com a falta de segurança. Nos últimos anos, o número de oficinas de blindagem de veículos pulou no Recife de uma para dez, Em tem fila de espera. Cada oficina blinda em média cinco automóveis por semana.
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O último dia oito não foi tão fácil para a funcionária pública Guadalupe Patu. Mais uma vítima de violência do Estado, levou um tiro de raspão ao sair de sua casa de carro, na Zona Norte do Recife. “Não sei bem o que aconteceu. O carro estava em movimento e apenas vi o rapaz tirando algo debaixo da camisa e vi o revólver, acelerei e continuei o meu caminho, somente percebendo que tinha sido alvejada minutos depois”, contou. A bala perfurou o vidro do carro e atingiu o ombro de Guadalupe, que já foi vítima de mais três assaltos em Recife.

Histórias como essa, infelizmente, acontecem diariamente. Uns possuem a sorte da funcionária pública, já outros não. Segundo o site ‘Pe Body Count’ (www.pebodycount.com.br), até ontem (24), foram registrados 2.101 assassinatos em Pernambuco, 249 apenas este mês. Temendo a insegurança das ruas e o aumento da violência, muitos pernambucanos estão recorrendo a algumas técnicas e métodos para se protegerem. Uma delas é o investimento em carros blindados. Ruim para o bolso dos cidadãos e bom para as empresas que trabalham com blindagem de veículos.

No mercado de trabalho há mais de 20 anos, a empresa ‘Armor Blindados’ é uma das 10 existentes no Estado. Segundo a gerente da loja, Luciana de Paula, são blindados, em média, 20 veículos por mês. E a tendência é aumentar! Em relação ao ano passado, o mercado cresceu em 20% e a novidade é que, por conta da crescente violência, ter um carro blindado não é só para ricos. “Hoje a blindagem não é só para classe alta, existe uma procura crescente da classe média”, afirma a gerente.

Após também ter sido assaltado no trânsito, o engenheiro Jorge Carvalho optou pela blindagem para ter mais uma garantia de segurança. Já com o carro blindado ele sofreu uma tentativa de assalto e conta que não teve nenhum problema: “não abri vidros e fui embora, graças a Deus eles não atiraram”. Apesar de ter evitado o assalto, o engenheiro não acredita que a blindagem resolve o problema da violência. “Quando estamos dentro do carro realmente temos mais segurança, mas temos que ter cuidados como manter as portas sempre travadas, cuidado ao entrar e sair do carro”, afirma.

Assim como Jorge Carvalho, Guadalupe Patu não acredita que blindar o carro é a solução. “A blindagem dá uma falsa impressão de segurança, é como se fosse um colete a prova de balas. Dentro do carro poderá até sentir segurança. E antes de entrar no carro ou sair dele, o que poderá acontecer?”, comenta. Mesmo não sendo a solução, o número de carros blindados não pára de crescer no Estado. Segundo a Associação Brasileira de Blindados (Abrablin), o Brasil é o país que mais blinda carros no mundo e Pernambuco o maior consumidor desta proteção no Nordeste.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma vergonha o que ocorre no nosso país e em Pernambuco. Temos que nos proteger de todas as formas, viver trancados, como se nós fossemos os bandidos. Não podemos deixar isto acontecer. Eu já fui vítima de assalto a mão armada em Jaboatão, e não desejo isto a ninguém. Ou melhor, desejo aos nossos governantes pra vê se eles criam vergonha na cara de vão tratar da nossa segurança